No dia 18 de setembro a CBDU instituiu por meio de nota oficial, o Departamento de Paradesporto, visando retomar as atividades relacionadas a área de forma mais estruturada, dentro da Confederação. Natália Borges Xavier, aluna e atleta da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi nomeada coordenadora do setor.
Luciano Cabral, presidente da CBDU, explica que o objetivo central da instituição desse departamento é estruturar de maneira mais efetiva o paradesporto dentro do esporte universitário brasileiro, através de um bom planejamento e da criação de estratégias de ação. “E claro também, uma das missões desse departamento é retomar a negociação do financiamento desses recursos, para que a CBDU volte a ter acesso a eles e possa aplicar no paradesporto universitário”, afirma.
A escolha de Natália para a função, de acordo com Luciano, se deu por conta de sua ativa partição nos eventos da CBDU – como atleta e voluntária –, e também por ser uma representante das pessoas com deficiência e do paradesporto. A agora coordenadora do Departamento de Paradesporto da CBDU disse estar muito grata e honrada em assumir a coordenação: “Pretendo me empenhar e dedicar com toda a minha sabedoria, humildade, energia e entusiasmo ao que for preciso para cooperar com muita disposição e serenidade”.
Para Naná, como prefere ser chamada, a criação de um departamento exclusivo na CBDU para tratar dos assuntos relativos as pessoas com deficiência (PCD), é de suma importância para a inserção social do grupo no mundo esportivo universitário. Segundo ela, a participação de PCD nesse cenário ainda é baixa devido ao baixo conhecimento sobre a existência dos eventos paradesportivos, a falta de incentivo e também ao preconceito, consequência da falta de informação.
A criação do departamento possibilitará maior compreensão e acesso para a pessoa com deficiência; como a diminuição do preconceito e o aumento da representatividade e do empoderamento, oportunizando novas jornadas e novos caminhos que geram qualidade de vida – complementa a atleta.
Antes de assumir o cargo, Naná conheceu os diversos lados do esporte universitário brasileiro. Ela conta que seu primeiro contato com a CBDU foi logo que entrou na Universidade, em 2018. Após participar de uma competição classificatória, conquistou uma vaga para disputar o FISU AMERICA Games, em São Paulo, na modalidade natação. “A partir daí tudo se alterou na minha jornada, comecei a treinar com mais frequência, a ter um outro tipo de acompanhamento nutricional, ter outras estratégias de estudos para conciliar na universidade”, complementa.
Além da experiência como atleta, Naná também vivenciou um outro lado dos eventos da CBDU: o do voluntariado. Em 2019 ela integrou o time de voluntários do JUBs Fase Final, na Bahia, e afirma colher frutos incríveis até hoje da competição; através dos aprendizados, das amizades e das memórias.
As visões como atleta paralímpica e como voluntária são muito distintas, não de forma negativa, pelo contrário, elas acabam se casando, porque você tem a oportunidade de entender e apreciar mais profundamente a competição e de ser ainda mais empático com todos os envolvidos. Sem contar que foi um estopim para o florescimento maior da minha autonomia e com isso, servir de motivação para outras pessoas com ou sem deficiências participarem do voluntariado – explica.
Sobre o apelido, Naná explica que se identifica melhor com ele devido a sua personalidade e também por ser mais curto, equiparando com seu nanismo: “Com meu nome de registro parece que fica sobrando, e já o Naná é feito sob medida”, esclarece com bom humor.
O PARADESPORTO NA CBDU
O paradesporto não é novidade na CBDU; a partir de 2016 ele integrou o calendário nacional da Confederação. Luciano conta que na época foi feito um acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), no qual a CBDU passou a utilizar os recursos da lei Agnelo Piva, destinados aos eventos paradesportivos através do CPB.
Na verdade, a gente inseriu os para-atletas nos eventos da CBDU, porque a gente entende que a participação deles – que tinha perspectiva de inclusão –, não era em criar eventos específicos para eles, mas fazer com que eles participassem dos eventos que a CBDU já organizava. Isso é inclusão plena, onde eles participavam igualmente; convivendo, hospedando, alimentando, participando dos mesmos equipamentos que todos os outros atletas – ilustra Luciano.
Segundo o presidente, os três anos seguintes foram de grande crescimento para o paradesporto universitário, até que uma medida provisória de 2018 retirou os recursos da Lei Agnelo Piva da CBDU: “Com a perda dos recursos, nós ficamos o restante 2018 e 2019, sem receita, sem verba para o paradesporto. Então nós suspendemos os eventos do paradesporto do calendário do esporte universitário brasileiro, o que foi uma perda gigante, porque é um público que precisa e é um movimento que vem crescendo”, afirma.
Porém agora, com a instituição de um departamento específico para tratar do paradesporto universitário, Luciano tem expectativa na retomada das atividades. “A CBDU entende que isso abre um diálogo direto com o Governo Federal, na medida que o GF criou a Secretaria Nacional do Paradesporto, e a gente passa a ter ali também uma relação direta de departamentos, que vão tratar das especificidades do paradesporto”, finaliza o presidente da Confederação.