Karatê estreia em Tóquio 2020

A informação até gera um certo estranhamento: essa é a primeira vez que o karatê compõe um programa Olímpico. Mas como assim, o karatê nunca esteve em uma Olimpíada antes? Não!! Estamos tão habituados com a modalidade e ela é tão antiga, que é mesmo estranho pensar que essa é a estreia dela em um Jogos Olímpicos. Em sua primeira aparição na competição, em Tóquio 2020, o esporte será disputado por homens e mulheres, divididos em três categorias de peso cada: masculino -67 kg, -75 kg, + 75 kg e feminino -55 kg, -61 kg, + 61 kg, em eventos de kata e kumite, realizados no Nippon Budokan – lar espiritual das artes marciais japonesas, e originalmente construído para eventos de judô nos Jogos Olímpicos de 1964.

O karatê é uma arte marcial que teve origem na província de Okinawa, no Japão e, de acordo com o site oficial dos Jogos de Tóquio 2020, se espalhou por todo o país durante a década de 1920 e mundialmente após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, segundo dados da Federação Mundial de Karatê (WKF), já são mais de 100 milhões de praticantes em todo mundo. Um deles é Vinicius Figueira, ex atleta universitário da modalidade – medalhista no Mundial Universitário de Karatê de 2014, que está na briga por uma vaga em Tóquio 2020.

“O sentimento de ver o karatê dentro do programa olímpico é de alegria muito grande. Desde que eu entrei no karatê sempre escuto meu sensei falar que o karatê ia entrar na Olimpíada, mas nunca entrava. Agora que acabou entrando é a realização de um sonho, não só meu, mas de toda comunidade carateca. Foi algo muito comemorado pelos caratecas, uma conquista muito grande”, conta Vinicius.

A essência do karatê consiste em golpes, chute e socos, e as competições são organizadas em dois formatos: o kata – simulação de luta na qual o atleta executa movimentos de ataque e defesa, e o kumite – uma luta real entre dois atletas. No kata, os competidores podem escolher entre os 102 movimentos reconhecidos pela Federação Mundial de Karatê e, após demonstração, são julgados por fatores como força, velocidade, ritmo, equilíbrio, solidez, clareza e outros. Já no kumite, os atletas se enfrentam em uma área de 8mx8m e tem como objetivo acertar uma série de golpes na área alvo do corpo do oponente; ganha o competidor que acumular oito pontos a mais que o seu adversário durante a luta, ou que conseguir mais pontos no tempo designado (três minutos).

Entenda como funciona a classificação para Tóquio 2020

A conquista de uma vaga olímpica é sempre um processo complexo. Para Tóquio são 10 vagas por categoria (kata masculino, kumite masculino, kata feminino e kumite feminino); uma já reservada ao país sede da edição. Cada país poderá ter apenas um atleta por categoria, totalizando no máximo 8 atletas no geral. Das 9 vagas restantes, 4 são provenientes do ranking olímpico, as quais o mundo todo concorre. Outras 3 vagas são decorrentes dos eventos classificatórios de cada categoria, realizados previamente, nos quais cada país manda os seus respectivos representantes. E as últimas 2 vagas, são vagas continentais, nas quais cada continente utiliza de critérios próprios para escolha. A corrida para as vagas se encerra no dia 6 de abril de 2021.

Vinicius Figueira conta que a última competição oficial aconteceu em março de 2020, pouco antes do agravamento da pandemia de Covid-19. A expectativa para o ano olímpico já começa com o retorno dos eventos: em março de 2021 acontece a etapa da Turquia da Premier League, a Liga Mundial de Karatê, e em abril a do Marrocos – última competição que pontua no ranking olímpico e que pode classificar Vinicius para Tóquio 2020. “O ranking olímpico tinha fechado e eu estava na zona de classificação, faltava a etapa de Marrocos, mas como ela foi cancelada, o ranking foi fechado. Como teve o adiamento dos Jogos Olímpicos, eles entenderam que tinham condições de fazer essa etapa que faltou e então reabriram o ranking. Agora eu tenho que terminar essa última etapa do Marrocos, que é decisiva para classificação”, esclarece Vinicius.

Ele também explica que em junho acontece uma competição classificatória, em Paris, na qual cada país envia seus atletas; um por categoria. O Brasil já fez sua seletiva e já escolhei seus representantes: “a gente tem a galera como o Isaac, que foi campeão nos Jogos Pan-americanos e então tem prioridade na classificação e grandes chances de se classificar. A gente tem um outro atleta, bicampeão mundial, Douglas Brose, que vai lugar na categoria 75 e tem grandes condições de se classificar. Então a seleção inteira hoje está concentrada aqui em Fortaleza, visando esse treinamento para a classificação olímpica. As expectativas estão boas não só para classificação, mas também para as medalhas”, finaliza o atleta.

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