Michael Altoe: Ex atleta universitário conta suas impressões antes, durante e depois do esporte universitário

Você já parou para pensar na trajetória de vida de um atleta universitário? Desde quando ele treina? Como ingressou na faculdade? O que fez depois que se formou?

Alguns atingem o alto rendimento e fazem do esporte sua profissão. Outros alcançam o sucesso no esporte universitário, mas seguem seu curso de graduação no âmbito profissional, passando o esporte de prioridade, para hobbie. É o que aconteceu com Michel Mattar Altoe, 41.

Durante a infância e a adolescência, o brasiliense praticou diversas modalidades esportivas: natação, polo aquático, basquete, ginastica olímpica, e até capoeira estão no histórico. Porém, foi aos 19 anos que Michel descobriu sua paixão: o remo. Recém chegado no curso de biologia na Universidade de Brasília (UNB), ele queria crescer no esporte.

Michel exibe com orgulho as medalhas conquistadas no JUBs de 1998. Foto: arquivo pessoal.

Em entrevista, Michel contou que mesmo antes de praticar remo, já conhecia os benefícios da modalidade e que o fato dela ser olímpica chamou sua atenção. “Eu queria entrar em um esporte que eu pudesse me dedicar sozinho, sem precisar de uma equipe pra competir. Queria uma modalidade individual e olímpica. Então eu já comecei no remo pensando na alta performance”, relata o ex atleta.

Depois de ganhar alguns campeonatos entre clubes em Brasília, Michel teve a oportunidade de representar sua instituição de ensino, a UNB, no Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) de 1998, que aconteceu em Vitória – ES. Nessa competição, na modalidade remo, os vencedores de cada categoria foram classificados para representar o Brasil no Mundial Universitário de Remo. De olho no seu objetivo: ter um rápido crescimento no esporte, Michel venceu no JUBs e garantiu sua vaga para a competição na Croácia.

Michel foi o único brasileiro a participar do Mundial Universitário de Remo na Croácia. Foto: arquivo pessoal.

Michel conta que seu objetivo final era participar de uma Olimpíada, mas que fazer parte de um mundial universitário já foi uma conquista que carrega na memória. “Até hoje me dá orgulho pensar na realização de chegar nesse nível e disputar com outros países que são muito fortes na modalidade”, diz em entrevista. Para ele a sensação é de dever cumprido.

Quando questionado sobre como foi conciliar estudos e treinos na época da graduação, Michel garante que foi tranquilo. “Eu saia rapidinho da universidade, ia lá, treinava e voltava de novo pra universidade. Por ser perto era bem fácil conciliar”, diz Michel. Ele conta que a UNB ofertava aulas alternadas, no período da manhã e da tarde e que a instituição ficava próxima aos clubes em Brasília.

Ao contar sua trajetória, ele relembra feliz a época de atleta universitário: “Foi uma época muito boa na qual eu pude me dedicar sem desfavorecer a universidade”, conta Michel. Quando já cursava biologia na UNB, Michel foi aprovado em odontologia em uma outra instituição. “Então um tempinho da minha vida eu fiquei fazendo UNB, a outra faculdade e remando”, relata.

Depois de sua dedicação ao remo, Michel virou adepto da canoagem. Foto: arquivo pessoal.

Hoje com 41 anos, Michel olha para trás e reconhece a importância do esporte universitário em sua vida. “É muito importante o esporte no nível universitário, na época que a pessoa está na graduação, porque é uma fase na qual a pessoa está construindo o caráter dela”, afirma. Para ele, entre os colegas universitários o esportista muitas vezes é tido como exemplo e incentiva cada vez mais pessoas no esporte.

Logo após terminar a faculdade, Michel largou o remo e resolveu testar outra modalidade: a canoagem. Ele esclarece que diferentemente de quando começou o remo, focado no alto rendimento, dessa vez com a canoagem queria apenas praticar, se divertir e que hoje, é o esporte que ainda pratica nas horas vagas.

Michel cresceu, se graduou e até hoje tem contato com o esporte. Mesmo após um ciclo esportivo universitário dedicado e de sucesso, resolveu não adotar o esporte como profissão. Ainda assim, percebe a influência de suas vivências como atleta universitário no seu dia a dia. Disciplina e vontade de sempre melhorar seu desempenho pessoal são alguns dos pontos que o dentista destaca. “Eu encaro o mercado de trabalho como uma competição. Então eu tento sempre fazer o melhor que eu posso, como se fosse no esporte”, conta Michel.

Por fim, Michel destaca a necessidade de se pensar no amanhã. “Nem sempre a gente consegue ser atleta a nossa vida inteira e você ter uma graduação ajuda no potencial de ter um bom emprego”, ressalta. Ele enxerga a carreira exclusiva de atleta como perigosa e justifica: “No momento que você não puder mais fazer aquele esporte por algum motivo, você pode ficar numa situação muito difícil na vida”, diz. Para ele o esporte deve ajudar a alavancar ainda mais as carreiras profissionais.

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