Randy Nascimento: o legado de quem já dedicou 32 anos ao esporte universitário

Foto: Arquivo Pessoal

Faz 32 anos que a história de Randy Nascimento e do esporte universitário sergipano andam lado a lado. Desde então, ele se formou, fez mestrado e doutorado. Foi atleta universitário e, atualmente, é técnico de handebol e coordenador de promoções esportivas e culturais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde tudo começou.

Mesmo antes de entrar para o curso de Educação Física na UFS, em 1992, Randy já conhecia os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs). Na época, a competição era disputada por seleções estaduais, não por instituições de ensino, e ele já fazia parte da seleção sergipana.

Demorou um pouco, mas, quando começou a participar dos Jogos, emendou uma sequência: 1992, em São Paulo; 1994, em Brasília; e 1995 em Fortaleza. Em 1993, a competição não foi realizada – senão com certeza estaria lá.

Durante a faculdade, além dos treinos, veio a vontade de atrelar a prática aos estudos de controle fisiológicos. Quando se formou, em agosto de 1996, Randy foi fazer uma pós-graduação em treinamento desportivo na Universidade Federal de Alagoas.

Da pós, emendou, no fim de 96, um mestrado na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, por meio de uma bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Mas, no primeiro ano, surgiu uma oportunidade que ele não podia deixar passar.

O professor de handebol da UFS e fundador do curso de Educação Física na universidade, Homero José Alcântara Ribeiro, se aposentou e abriram um concurso para a vaga. Assim, voltou para Aracaju, fez a prova e passou em 1º lugar. Enquanto não era chamado, tentou continuar o mestrado no Rio. E aí ele entrou em um limbo.

“Eu ainda não era professor universitário e, por conta da aprovação no concurso, perdi a bolsa no mestrado. Foi um período muito difícil lá porque eu contava muito com a bolsa”, explicou.

Não foi fácil, mas, no fim, deu tudo certo. Logo depois Randy assumiu o cargo, mas a vontade de terminar o mestrado continuava lá. E foi isso que ele fez entre 99 e 2001.

E, claro que nos anos de Rio de Janeiro, não ficou parado. O então mestrando se vinculou à Federação Carioca de Handebol, fez parte da primeira turma de formação de árbitros de beach hand e chegou a apitar jogos do Campeonato Carioca.

Já mestre, Randy voltou para Aracaju e também para o JUBs. Em 2002 e 2003, participou da competição como técnico da equipe feminina da UFS. Em 2004, surgiu mais uma oportunidade única: fazer doutorado na Universidade da Coruña, na Espanha.

O tema escolhido para sua tese foi ‘Treinamento da percepção visual baseada na ampliação da capacidade cognitiva e tomada de decisão para jogadores de handebol’ e seu orientador era Juan Fernández, um dos nomes mais importantes na orientação de construção de teses doutorais.

Não demorou muito para criarem uma conexão, e Randy foi convidado, no primeiro mês, para acompanhar os treinos da equipe da 1ª divisão que Fernández era técnico.

O sergipano estava feliz em estar acompanhando os treinos, mas ele queria mais. Para poder acompanhar o time dentro de quadra, era necessário fazer alguns cursos. Assim ele fez. Passou pela Áustria, Suíça, Turquia, Portugal, entre outros, fazendo módulos do curso da Federação Internacional.

Com isso, passou a auxiliar os técnicos nos jogos oficiais. E, da tese do doc, se tornou professor da Escola de Técnicos da Federação Galega de Handebol.

Em 2009, chegou a hora de voltar para o Brasil. Randy voltou para o projeto de extensão da UFS, o Handebol Educador, que oferece aulas e treinos para a comunidade universitária e externa.

E, mais uma vez, também voltou para o JUBs. E aí veio mais uma sequência como técnico do time feminino e masculino de hand da UFS: 2010, 2011, 2012 e 2013. Em 2014, a professora Anne Shirley se juntou à equipe e assumiu o time feminino, Randy seguiu com o masculino.

Em 2015, veio mais uma novidade: a Universidade resolveu investir no beach hand e, no mesmo ano, já representaram o Brasil no International University Beach Games, que aconteceu em Aracaju. O time masculino foi vice-campeão e o feminino ficou em 4º lugar.

Foto: Arquivo Pessoal

2017, 2018 e 2019 as equipes também participaram do JUBs. Em 2021, Randy foi convidado a fazer parte da Coordenação de Promoções Culturais e Esportivas (COPRE) da UFS, onde viu a oportunidade de fazer ainda mais pelos estudantes-atletas da Universidade.

“O local social que eu me encontro hoje é o meu local. Eu sou uma pessoa muito disciplinada e resignada. Eu adorava estar na quadra jogando, mas a experiência de ser técnico foi ímpar. Ter a oportunidade de ir a mundial, ir a Champions League, isso foi muito bom. Agora, como gestor técnico na universidade, tem sido uma experiência espetacular”, explicou.

Randy faz parte do grupo que idealizou bolsas atleta com recurso da própria universidade e outros projetos. Nos últimos 4 anos, a UFS pulou de 39º para 8º no Troféu Eficiência da CBDU, ranking que analisa as instituições de ensino superior.

Randy entrou no handebol com 8 anos. Hoje, tem 52. São 44 anos se dedicando ao esporte; 32 ao esporte universitário e aos estudos superiores. A história de Randy vai muito além do pódio, é uma história de amor e legado.

“Não existe nada mais prioritário do que a formação do aluno. A maior tribuna que alguém pode ter na vida é a sala de aula. Estou falando da sala de aula extremamente ampliada – é o laboratório, a piscina, o campo, o local dos jogos da mente”, finalizou.

Foto: Arquivo Pessoal

O ‘Além do Pódio’ é um quadro feito pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário CBDU) que tem como objetivo contar as histórias dos estudantes-atletas que passam pelos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).

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