Silvio Monteiro: campeão em 83, nadador voltou ao JUBs como técnico em 2024

*Por Victor Mayrink – Voluntário de Imprensa

Silvio Monteiro, com suas medalhas, conquistadas nos jogos de 1983
Silvio Monteiro, com suas medalhas, conquistadas nos jogos de 1983
Foto: Saulo Cruz/CBDU

Quem passava pelo Boulevard dos Atletas notava a presença de um homem alto, de olhos claros e sorridente. No peito, duas medalhas antigas, seguradas por uma corrente dourada, desgastadas e enferrujadas pelo tempo, esbanjavam as conquistas que, segundo Silvio, foram cruciais para sua vida como atleta. Mas o que ninguém sabe é que aquelas medalhas guardam a história de um atleta multicampeão.

Natural do Rio de Janeiro, Silvio começou a nadar aos 6 anos. Sua paixão e dedicação à natação rapidamente o destacaram, levando-o a competir em nível nacional e internacional. Ao longo de sua carreira, participou de diversas competições, representando seu estado e o Brasil.

“Meu pai sempre dizia que, para viajar, eu precisava estar entre os melhores. Não bastava ser um dos 10 melhores; eu tinha que ser o primeiro ou o segundo. Ele me falava que ninguém pagaria a passagem para quem ficasse em oitavo lugar. Eu respondia: ‘Eu quero viajar.’ Isso me marcou profundamente, pois entendi que o esporte poderia me proporcionar experiências únicas e eu queria isso”, lembrou Silvio.

Em 1983, aos 21 anos, Silvio foi convidado a representar a Escola Naval do Rio de Janeiro na 34ª edição dos Jogos Universitários Brasileiros, realizada em Minas Gerais. Sem pensar duas vezes, ele emitiu sua primeira carteira de identidade e viajou para Belo Horizonte para participar da competição, onde conquistou ouro nos 200 metros costas e no revezamento 4×100 livre.

“Há 40, 50 anos, a gente não tinha ajuda financeira; quem quisesse competir tinha que tirar do próprio bolso. Era muito difícil ser atleta universitário naquela época. Hoje, os atletas recebem ajuda, a situação melhorou muito”, afirmou o treinador.

Silvio mostra sua identidade e uma das medalhas conquistadas
Silvio mostra sua identidade e uma das medalhas conquistadas
Foto: Saulo Cruz/CBDU

Formado em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército, Silvio se dedica à natação há 56 anos. Como atleta, representou clubes como a AABB e o Flamengo no Rio de Janeiro, conquistando medalhas nos Jogos Cariocas, Brasileiros e Pan-Americanos.

Há 26 anos, mudou-se com a família para Roraima, onde começou sua carreira como treinador. Desde 2004, formou centenas de atletas no estado, incluindo quatro campeões brasileiros.

“A responsável por me fazer tornar treinador se chama Rosanea Monteiro, minha esposa. Na época, meus filhos estavam começando a competir e ela me perguntou se eu queria treiná-los. Eu confesso que nunca pensei em ser treinador, sei o peso que isso tem, mas perguntei a eles e eles toparam. Desde então, treino pessoas de várias idades e gêneros”, explicou.

Novas gerações

Nesta edição, Silvio recebeu a missão de treinar e escolher uma atleta para representar a Federação Universitária de Roraima (FUER/RR) na prova de águas abertas no JUBs Praia. A escolhida foi Fernanda Fernandes, que começou a treinar com Silvio em abril.

Fernanda e Silvio irão representar o estado de Roraima no JUBs
Fernanda e Silvio irão representaram Roraima no JUBs
Foto: Saulo Cruz/CBDU

“Eu competia pela atlética do meu curso e buscava um novo treinador. Um dia, decidi mandar uma mensagem e ele me chamou para treinar. Três semanas depois, ele me convidou para vir para o JUBs, e então começamos os treinamentos. Ele me passou vários desafios até eu conseguir me preparar para estar aqui”, contou Fernanda.

Quem tem a oportunidade de ser treinado pelo multicampeão elogia sua dedicação:

“Ele é muito atencioso. Podem ter 50 atletas na piscina, ele sempre está nos orientando e observando tudo o que a gente faz. Eu, por exemplo, errava a braçada e ele pegava no meu pé até eu acertar”, brincou a atleta.

Sobre as novas gerações, Silvio é otimista, mas ressalta a importância dos investimentos e patrocínios em atletas e federações universitárias:

“Talento sempre vai existir; quem poderia prever há 10 anos que teríamos uma Rebeca Andrade ou um Isaias Queiroz? Cabe aos dirigentes e às organizações apoiarem esses atletas, darem oportunidades e veremos sair daqui grandes nomes.”

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